Desde cedo, somos acostumados a expressões do tipo: “sou de humanas, não de exatas”, ou “não sou boa o suficiente para lidar com números”, ou “matemática não é o meu forte”. Por isso, sempre duvidamos que a matemática possa ser aprendida por qualquer pessoa.
Pensando nisso, e buscando incentivar a Equidade de Gênero no ensino e aprendizagem de matemática, a professora Susy Nagaki buscou aproximar as meninas dessa disciplina. A seguir, confira algumas ações realizadas pela educadora nesse sentido em sala de aula.
Todos podem aprender matemática, mas o que fazemos para desenvolver a autoconfiança?
Susy afirma que, em sala de aula, busca ensinar matemática de forma mais criativa e visual.
“Sempre gostei muito de matemática e ciências naturais mas, de repente, percebi que ela tem relação com tudo”. Essa relação é o principal ponto que a educadora explora para mostrar que sim, todos podem aprender matemática.
Para Suzy, é importante que as crianças enxerguem que a matemática vai muito além de normas, procedimentos, fórmulas e respostas certas. Para que faça sentido, é preciso enxergar a disciplina como forma de estabelecer relações com o mundo.
“Como é difícil estudar e trabalhar algo que não tem ideias conectadas, não é mesmo? Por isso, no meu dia a dia, proponho que as pessoas ao meu redor também tenham essa visão. Ou seja, que elas percebam que tudo está conectado e relacionado. Aqui na escola sabemos, por meio dos estudos da neurociência, que todos são capazes de aprender em altos níveis e que o erro faz parte do processo. Dessa forma, estamos colhendo bons resultados”, afirma a professora.
A Matemática e a Equidade
Nagaky conta que, até o início de 2021, sempre havia sido uma professora generalista. No entanto, no ano passado, recebeu proposta para trabalhar com a abordagem Mentalidades Matemáticas, no Instituto Sidarta.
Para esse novo trabalho, começou a estudar de forma mais aprofundada não só a matemática, mas também estudos relacionados à equidade, baseados nas pesquisas de Rachel Lotan.
De acordo com Lotan, quanto maior a presença de pessoas com diferentes históricos de vida, origens, perspectivas e experiências, maior é o desenvolvimento intelectual. A partir desse pressuposto, Suzy buscou fomentar o estudo da matemática como forma também de equidade.
“Na busca por equidade, vi que, desde o início da minha atuação como professora, que poucas meninas se arriscam. Geralmente os meninos se desafiavam mais a fazer as atividades de conta, por exemplo”, diz a educadora.
Ao perceber isso, Suzy e sua equipe organizaram uma estratégia. Primeiramente, aplicaram um questionário a fim de saber como meninos e meninas se sentiam em relação à matemática. “Depois de analisar as respostas, perguntei às meninas que diziam não gostar de matemática quais eram os motivos para isso. Elas diziam que os conteúdos não fazem sentido para elas”.
Tudo é matemática
Para ajudá-las a se interessar, Suzy passou a usar diversas abordagens para incentivar a autoconfiança das meninas em relação à matemática.
“Faço isso incentivando como incentivo para que elas participem e apresentem suas ideias, mostrando que a contribuição delas é relevante. Quando se sentem potentes, elas se enxergam como recursos para os colegas. Antes, era comum realizar alguma atividade e perceber apenas os meninos tomando a frente para responder. Agora há participação de todos nas aulas.”
Suzy relata também que, à medida que as meninas perderam o medo da matemática, passaram a efetivamente enxergar a presença da disciplina em suas vidas de forma natural.
“Uma vez, estava na hora do almoço e uma aluna me disse: o relógio e a quantidade de comida também são matemática, né? O prato também, pois é uma forma geométrica. Puxa, tudo é matemática!”
Por fim, a educadora ressalta que, quando as crianças conseguem ver a matemática fora da sala de aula, a ciência passa a fazer sentido. E, ao enxergarem conexão com a vida real, os alunos passam a, efetivamente, gostar das aulas de matemática.
(Fonte: Porvir.com)
Saiba mais sobre o tema, no blog da LadyBank!